quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Capítulo Dois.

Cinco de março, nesse dia começou tudo para Lucas. Sabe quando você sente uma pequena chama começando a queimar dentro de si? Sorrateiramente, você não a percebe surgindo, apenas surge. Você não sabe o porquê daquilo. Não sabe como também. E novamente se surpreende com a existência dela. Entretanto, para Lucas, isso começou com um olhar dele para ela.

Noite. Pessoas divertindo-se. Algumas se arrumando para sair, outras já nas ruas. Algumas tomando o primeiro gole, outras já no décimo e aquelas que não bebem. Noite.

Rio de janeiro e é noite. Sim, essa é uma cidade maravilhosa e Lucas sabia muito bem disso. Não porque é carioca e orgulhoso da própria cidade. Ela é maravilhosa simplesmente por ser. E nada mais. E sua noite especial como nenhuma das outras. Ainda mais nos finais de semana.

Até aquele momento seria uma noite igual às outras que ele já passou. Alegrando-se, bebendo, conversando, falando meia dúzia de elogios no pé de alguma garota. Seria uma noite igual às outras. Mas não foi. Ele olhou. Simples. O olhar é o mecanismo mais versátil para passar sentimentos. Com ele você pode mostrar pena, raiva, desprezo, felicidade, desejo, cansaço, enfim um olhar pode dizer tudo para uma pessoa. Lucas olhou uma única vez.

Já tinha saciado seus lábios nos de duas mulheres. Também estava saciando com a bebida, só empurrava os últimos goles para terminar o copo. Quando o copo terminou, ele pode ver com clareza. Aquele cabelo castanho, agora mais escuro pela noite. O sorriso bobo no rosto. O jeito que andava, a maneira de agir. Só encontrou uma palavra para descrever tudo isso. Leveza. Era o que a garota passava. Ele precisava sentir essa leveza, seu corpo e sua alma ansiavam por aquilo. E foi.

Levado pelo clima, cantaram, dançaram, riram. Ele, ela e todos que estavam presente. Mas, na mente dele, era apenas ela e ele. Lucas mexia com ela, chegava a ser implicante, chato e inconveniente. Não percebi isso, estava cego pela leveza dela e por umas doses de vodka. Confessou ao ouvido dela o que sentia, afagou os cabelos que tanto chamaram a atenção, descobriram seu nome. Beatriz. Deu carinho, roubou carícias, ofereceu-se naquele momento. Beatriz pelo contrário estava achando aquilo tudo chato demais. Que besteiras esse moleque estava dizendo para ela. Óbvio que nada daquilo é verdade, ninguém pode sentir isso com um olhar, ele não pensa que ela será mais uma que cairá nessas palavrinhas idiotas, pensa?

Tudo ia acabando, o local ia esvaziando e decisões de ir embora sendo tomadas. Ao ir embora ele torna-se mais objetivo, mais convicto do que quer. “Ah, Lucas, não vai ser assim...” Beatriz poderia ter sido mais rude, porque ele a importunou por muito tempo, poderia ter deixá-lo no chão e ter acabado com toda a palhaçada ali mesmo. Ah, ele só está muito bêbado, não sabe o que está dizendo. Pensou dessa maneira. “Tudo bem, eu entendo.” E Lucas deu um beijo na testa dela. E a viu indo embora.

Voltando para casa, Lucas ia pensando em tudo que acontecera, coisas engraçadas, ria consigo mesmo e outras besteiras que aconteceu. Até refletiu que apenas desejou beatriz por aquele momento, provavelmente por isso. Chegou em casa, comeu apenas um pão e foi deitar pensando na ressaca que teria no dia seguinte. Mas só adormeceu imaginando o cheiro do perfume de beatriz e imaginando o lençol que abrava fosse ela.

Estava certo, a ressaca veio pela manhã no momento que acordou. Acordou, mas continuou de olhos fechados. Estava errado sobre ontem. Não fora apenas coisa do momento. A primeira imagem que veio a sua cabeça foi aquele sorriso bobo, aqueles cabelos castanhos e, a partir dessa imagem, a leveza entrou novamente em seu corpo. Sentiu-se absurdamente feliz. Abriu os olhos e sorriu.

“Puta que pariu! Acho que vou sofrer de amor.”


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